quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Às vezes as palavras ficam perdidas no fundo de um olhar, penduradas num sorriso ou outro. Quando damos por elas estão a descansar nalguma escada solarenga da nossa alma. Deixam-se ficar a ver o pôr-do-sol e a pedir-lhe baixinho para se demorar mais desta vez. E há manhãs em que saltitam no sorriso do sol, irrequietas e felizes, em que salpicam os dias de magia. Mas também há dias em que a noite é o único consolo e as palavras se escondem atrás de portas trancadas pelo tempo, se reduzem a feixes de luz esquecidos no amanhecer, a reflexos do céu nas águas paradas. são horas em que as palavras se entristecem e pintam as frases a negro, escondem segredos. falam baixinho, sussurram até, têm medo de fazer sangrar as feridas e rasgar de novo a pele. tão fortes e tão frágeis. esquecem-nas tantas vezes nos parapeitos das janelas, nas ombreiras das portas cerradas de madeira roída e antiga. e elas permanecem como se tivessem nascido ali, nalgum canto que o sol esqueceu, no abrigo da chuva. usamo-las com tanto desprezo que o gelo não é capaz de as abraçar e as gotas de chuva quente não chegam para as consolar. É por isso que às vezes, mas só às vezes, fogem de nós…

2 comentários:

  1. Poucas coisas existem no mundo tão poderosas como as palavras ... conseguem ter varios sentidos e atingirem-me mesmo no coração fazendo-te apaixonar e fazendo-te sofrer ... as vezes o afastamento delas não quer dizer que seja mau é apenas um descanso que te pedes a ti propria ..

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  2. o que eu ia dizer a Alexandra disse-o melhor do que eu alguma vez poderia dizer.

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