Depois de dez dias sem me lembrar onde trabalho, cá estou eu de volta à mesma rotina de sempre. Estas férias souberam-me mesmo a férias.
Depois de um dia daqueles em que se faz tudo aquilo que nunca se tem tempo para fazer (fazer cartão do cidadão, ir pôr uma catrefada de roupa a arranjar, ir à faculdade matar saudades, etc...), parti com rumo ao Norte do País. Andei por Guimarães, Braga, e passei-me com o Gerês.
Escarpas enormes por onde escorre água a toda a hora, árvores tão altas que quase não se vê o fim, cobertas de trepadeiras e musgo. Aquele calor fresco, e aquelas cascatas, lagoas desertas em que só passando por muito atalhos é que se consegue lá chegar.
Chegar ao sitio da fotografia aqui ao lado não foi nada fácil, mas pensar que só eu estava ali sem ninguém a observar-me (espero eu), fez-me sentir na Lagoa Azul. Despi-me, mergulhei e aproveitei. E por momentos cheguei a acreditar que só me faltava uma cabaninha com uma despensa inesgotável para nunca mais querer sair dali.
Ainda fui ao Alentejo também. Cada vez mais me sabe melhor lá voltar. Cada vez mais vou construindo na minha cabeça, pequenos projectos que gostava de pôr em prática lá. Aquele pedacinho de Portugal para mim é tudo e por muito bonito que o Gerês seja, não troco por nada aquelas imensas planícies salpicadas de azinheiras, e casinhas caiadas de branco com roda-pé azul, as velhinhas vestidas preto com lenço ou chapéu de palha na cabeça, sentadas à porta de casa a fazer renda, o levantar da boina do Ti Manel cada vez que me vê, as cusquices do café, etc...
Mas o que é bom é sempre curto de maneira que já aqui estou sentada na secretária que me vai dando para pagar o pão.
No entanto algo me diz que bons ventos de adivinham e que dentro de dois meses a minha vida vai dar mais uma reviravolta. Mais adiante conto pormenores.