
Oh Pina! Tenho saudades tuas. Muitas mesmo. Vivi um ano contigo basicamente. Não morámos juntos, mas estavas sempre, sempre, sempre comigo.
Lembro-me de me falarem de ti. De eu andar à procura de uma coisa, e de me dizerem na faculdade "sabes aquele gajo de cabelo comprido, louro, que costumo estar aqui na esplanada?" e eu sabia lá de quem falavam.
No dia dos meus anos, dia 26/02/2008 chegaste ao pé de mim sem nunca teres falado comigo e disseste: "A menina hoje faz anos não é?" eu respondi afirmativamente e tu: "Então tome lá uma prendinha!" e passaste-me um dos nossos ahaha!
E ficámos ali o resto da tarde a conversar. Fiquei enfeitiçada contigo. Como estavas de óculos, com livros debaixo do braço, nesse dia fiquei com a ideia de que eras um gajo super estudioso, ratinho de biblioteca. Convidei-te para a minha festa de anos na sexta-feira seguinte. E tu foste o primeiro a chegar. Foi das melhores noites que já estive. E estava tão louca. Viste a cumprimentar o Francisco com dois beijinhos, já a noite ia longa, e perguntaste à Matilde se era o meu namorado. Não nos conhecíamos de lado nenhum e sabíamos tanto um do outro sem nunca ninguém nos ter contado nada. Depois disso foram para aí 2 ou 3 meses sempre na borga. Quando digo sempre, era mesmo todos os dias. Contei eu 2 meses certinhos de saídas sem nunca termos falhado um dia. Depois eram a ressacas em minha casa, na tua, na Mata de Benfica, no Campo Pequeno, na Faculdade.
Durante a semana, iamos para todo o lado com a Matilde, a Sara e o teu irmão também. Eramos loucos! Só fazíamos merda. Eram ataques de riso até estarmos os cinco de joelhos a dizermos aos outros para pararem que já não aguentávamos mais.
No fim de semana era só eu, tu e o João. Entretanto juntaram-se a Sheila (essa porca) e a Ana.
A ideia de seres um rato de biblioteca rapidamente se esfumou. Conheci a tua alma de Escorpião com uma mistura de sei lá eu o quê. Não és uma pessoa fácil, mas quase ninguém o é. Mas tens um bom fundo, e no fundo (mas mesmo lá bem no fundo e quando queres) és um doce.
Estiveste sempre que precisei. E foste a pessoa mais presente na fase menos boa, deste meu ainda curto percurso, mas cheio de desvios e obstáculos. E quando eu lá me orientei, talvez pela enorme quantidade de pessoas com quem nos dávamos afastamo-nos. Mas quando foste tu a cair, também foi a mim que me procuraste, e eu devo confessar-te que nesse dia percebi que afinal, à tua maneira eu também era importante para ti.
Num muito curto espaço de tempo construimos um bonito, forte e enorme laço que eu quero manter sempre.
Somos parecidos. Somos sempre os primeiros a ser tomados como loucos e no fim somos só nós que temos sempre razão.
Oh pá! E quando tu conseguiste o estágio nas escavações em Evoramonte? Foi lindo! Com tanto sitio para te ires formar, foste parar logo à minha terrinha. E os quinze dias que lá estive contigo foram brutais.
Ontem quase morri de tédio. E lembrei-me imenso de ti, porque no Verão passado, mais propriamente no mês de Agosto quando Lisboa está vazia das pessoas que conheço, nunca, nunca, nem por um minuto deixaste sentir-me sozinha.
Tenho saudades das nossas noites na marquise, das nossas conversas filosóficas, do teu sorriso, das tuas piadas de merda, e até do teu perfume.
Desde que emigraste para o Alentejo não queres outra coisa. Vê mas é, se me vens visitar.