segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não sou feminista mas...

...trabalho no ramo do shipping.
A primeira pessoa que conheci quando entrei para aquele sitio, tornou-se num dos meus mestres.
Foi ele quem me ensinou quase tudo o que sei sobre a área.
E mais que um mestre, colega, amigo, tornou-se um dos melhores amigos mesmo.
Trabalha num sector muito ligado ao mármore, esse recurso lá das minha origens.
Sendo eu apaixonada pelas minhas origens, às vezes, quando pensava numa futura promoção (inicialmente era recepcionista), achava que trabalhar com essas gentes, e com esse meu mestre, seria um "projecto" altamente interessante, para começar a "ganhar" o tão famoso neste ramo, bichinho do shipping.
Estive dois anos na recepção e sobretudo na fase final adorava o que fazia, porque falava com imensa gente, e das muitas chamadas que recebidas, poucas eram as que eu não sabia quem estava do outro lado.
Fui convidada a ir-me embora um dia, devido ao excesso de pessoal, mas tendo havido uma desistência nem cheguei a sair.
Passaram-se uns tempos e o meu patrão chamou-me. Pensei que fosse para me ir embora de vez.
Levantei-me e descontraída entrei no gabinete.
Propôs-me uma promoção: ir para o sector da exportação, no transitário do grupo.
Assim de repente tinha-me uma oportunidade para fazer aquilo que quis desde sempre, e ao lado do meu mestre.
Ao inicio foi horrível. É muita informação em muito pouco tempo. E durante os primeiros tempos, em que precisava de estar concentradissima, tive de ensinar o trabalho da recepção, três vezes a três pessoas diferentes.
Afinal os homens das pedreiras não eram assim tão fascinantes e comecei a achar que nunca seria capaz de assumir aquele serviço. A maioria das pessoas é mal formada, exigente e não percebe nada daquilo que está a fazer. Para ajudar, comecei a desatinar com o mestre também. Porquê? Porque tinha medo de falar com ele, de lhe dizer que estava a apanhar morcegos.
Outro amigo dele foi impecável nesse aspecto. Noutros também, mas sobretudo nesse. Deu-me tanto na cabeça, que aquando do almoço de Natal da empresa, acabei por conseguir falar com o meu mestre e trabalhar passou a ser QUASE uma delicia. Obrigada Rodrigo.
Entretanto comecei a fazer importação também, se bem que acho a exportação mais aliciante. Porquê? Não sei. Dizem que as pessoas do ramo dos transportes apaixonam-se pelo primeiro oficio que exercem.
O mestre foi de férias, e hoje foi o meu primeiro dia sozinha com a carga toda.
E foi brutal! Super stressante, não é fácil fazer mil coisas ao mesmo tempo, sempre a ver letras e números e ter de atender uns não sei quantos telefonemas pelo meio.
Mas não foi assim tão complicado como eu esperava, talvez ainda seja cedo para o dizer, pois este foi só o primeiro dia das 3 semanas em que vou estar sozinha.
Aprendi a lidar com os broncos, com os clientes, com os fornecedores... com os colegas (verdade seja dita que às vezes estes são os mais difíceis de aturar, quando para mim o normal seria o contrário).
Aprendi a lidar com o stress, com a pressão, com a minha falta de auto-confiança e com a minha insegurança.
Aprendi a gerir o tempo e as prioridades.
Ganhei tomates.
Sim, porque ao inicio cheguei a acreditar que não seria capaz de trabalhar com os homens do calhau. pelo simples facto de ser mulher.
Mas graças ao grande mestre que me obrigou a nunca duvidar das minhas capacidades, hoje posso dizer que já vou percebendo da coisa.
Tenho muito, mas muito ainda que aprender.
É chato acordar cedo e ter de trabalhar, mas fui-me apaixonando por aquilo que faço.
Mas é tão giro vestir um vestidinho e ir lá para a minha sala cheia de homens, trabalhar só com homens, só falar de coisas de homens (calhaus, carros, camiões, futebol) e saber que me aguento à bomboca sendo uma mulher!
Faz umas festinhas ao ego... tenho que dizer que sim :).

Sem comentários:

Enviar um comentário