sexta-feira, 10 de julho de 2009

Avô


Meu Papi:
Estás no Hospital há quase uma semana. Dói-me este Oceano Atlântico entre nós mais que nunca.
Os médicos dizem que o teu coração está cansado... Já são 88 anos. E já fizeste tanta coisa :).
Graças a ti hoje há luz no Alasca. Se não fosses tu, os esquimós continuavam a jantar à luz das velas.
Estás doente há 60 anos. Descobriram a tua doença ainda o Pai estava na barriga da Mamie.
E nunca te queixaste, a tua doença nunca foi um problema para ti. Mesmo agora que andas numa cadeira de rodas toda Xpto gozas comigo por "correres" mais depressa que eu :).
Sempre foste assim. Sempre com um sorriso na cara, sempre com uma piada na ponta da lingua.
Sempre pronto a ajudar.
Lembro dos nossos dias passados na quinta. De brincares comigo a tudo. Lembras-te de quando eu dizia que eras meu filho? Eu com 4 anos, com um filho com 1.90 m. Ahah.
E cheio de dificuldades em mexer-te, cheio de dores com certeza, jogavas à bola comigo.
Mostraste-me o Canadá de uma ponta à outra. Ensinaste-me tudo sobre o nosso país.
Levavas-me as festas de Evoramonte vezes sem conta (onde só se ouvia a tal musiquinha Pimba que odeias) quando estavas cá de férias, porque sabias que eu adorava aquilo.
Comiamos os dois chocolate às escondidas da Mamie antes de jantar, e lambiamos o prato da sobremesa quando a Mamie virava costas.
Ensinaste-me tudo sobre a 2.ª Guerra. Onde combateste, nos céus da Alemanha.
Não me deixes Papi. Eu não estou preparada...
Vão te parar o coração e tentar reanimar-te para ver se ele volta a ter o mesmo ritmo.
E tu sabes disto tudo, estás lúcido e como sempre na boa. Estás tranquilo como sempre.
Mas não vás já. Ainda podemos fazer tanta coisa juntos...
Não vás já Papi, não vás...

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