Das coisas que mais prazer me dá, e por vezes até me comove, é tão somente ouvir o que os mais velhos têm para nos contar.
E aqui, na minha terra, o prazer é ainda maior, porque os conheço, e porque muitos deles andaram comigo ao colo.
Perco-me a ouvir as suas histórias, tão promenorizadas, que consigo imaginar quase tudo.
Falam-me dos outros tempos, dos trabalhos no campo, de como era namorar antigamente.
Todos eles têm a face cravada de rugas, rugas do sol e do frio, marcas do trabalho e de uma vida repleta de histórias.
E nas mãos, têm nós do trabalho, e da velhice, mas nem assim aquelas mãos param.
Ainda fazem renda e bonitas peças de artesanato, fazem-nas quase sem olhar, enquanto me falam da vida.
Eles ficam felizes, e eu só tive de os ouvir.
Tão somente ouvir aqueles velhos que tanto têm para contar e como a maioria dos velhos neste país estão sozinhos, tão sozinhos que é quase como se estivessem abandonados.
E a minha geração mostra-se indiferente a isto, e eu não o consigo aceitar.
Vejo em cada velho uma biblioteca carregada de exemplares únicos.
Vejo em cada velho, o bebé, criança, jovem, adulto e velho que esse velho é.
Interesso-me pelo que me querem contar.
E no final de cada conversa, enche-me o coração ver o sorriso deles, e sei que aprendo sempre mais alguma coisa.
E sigo para a casa com o sentimento de "boa acção do dia executada".
E pensar que estas boas acções nada custam...
Eles não pedem nada, a não ser cinco minutos de companhia.
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