segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Cada vez me convenço mais que só vou encontrar a tranquilidade que aspiro, a felicidade que ambiciono e a minha paz de espirito, no sitio de onde vim. Talvez não propriamente no Alentejo, mas preciso do campo e de tudo aquilo que ele me proporciona.
Preciso de um espaço onde possa ter um pequeno jardim, nem que sejam meia-dúzia de canteiros, com os quais me possa entreter no fim da tarde de um dia de Verão. Preciso apanhar tangerinas directamente da árvore e comê-las sentada num baloiço e no fim ficar com aquele cheiro nas mãos. Preciso de acordar com as andorinhas, espreguiçar-me e inspirar aquele ar tão puro que por vezes até parece mais frio. Preciso de uma janela aberta a toda a hora sem ter de me preocupar se os vizinhos me vêm semi-nua ou se alguém vai espreitar.
Preciso de manhãs ao sol, em dias de Inverno, em que o frio aperta e do conforto que é o calor do sol absorvido pelas malhas grossas próprias da época nos conforta.
Preciso de ter um cão ou um gato, ou cão e gato, ou cães e gatos.
Preciso de não ter que sair de casa uma hora antes de entrar ao serviço para chegar a horas ao trabalho.
Preciso de não ter de esperar uma eternidade para pagar um pacote de leite num supermercado.
Preciso de acordar, tomar o pequeno almoço e sair para o quintal e beber um café feito naquelas cafeteiras antigas, enquanto disfruto do prazer do primeiro cigarro da manhã.

Preciso de uma vida menos stressante e que me encha mais o peito. Preciso da paz, que só o "viver no campo" me pode proporcionar.

2 comentários:

  1. Sabes, eu encontrei um meio termo. Vivo numa cidade, não tão grande quanto isso, Faro, e embora por vezes gostasse de viver em Lx, por exemplo, a verdade é que aqui tenho tudo isso de que falas. Não com tanta privacidade como viver mesmo no campo proporciona (vivi vários anos assim), mas perto de tudo isso. E com a vantagem de ter também o mar à janela :)

    Beijo, lindo texto as always. Inspiring.

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  2. Querida Anusca:
    Fiz uma viagem para a margem sul sozinha na sexta feira e tive tempo para pensar nos meus botões enquanto chegava ao destino.
    As pessoas que encontrei 'plo caminho tinham todas um ar pesado. Eram quase 9 da noite e vi senhoras, com cara de mãe de filhos e marido em casa à espera, com um saco de pão na mão e na outra o computador portátil. Perguntei-me... não é suposto comprarmos o pão logo 'pla manhã? Sair de casa e comprá-lo na padaria da rua... Vi-me louca com o movimento de carros, autocarros, ambulâncias em marcha de urgência, complicações para passar para a outra margem de uma estrada. Enfim...! Pensei cá para mim, que se fugisse daqui para uma grande cidade ia dar em louca, ia mesmo...
    Moro numa cidade pequenina, que apesar de ser no Alentejo, pouco tem de tipico, a não ser a calmaria que aqui se respira. Refiro-me a arquitectura, etc, etc... Não sei se já ouviste falar de Santo André, é uma cidade com pouco mais de 30 anos. Bom, mas tudo isto para dizer que a 8 km de mim tenho a minha mãe num pequeno montezinho com árvores de fruto, galinhas, coelhinhos, vinha, almoços na rua, uma casinha tipicamente alentejana, com uma lagoa ao fundo. E sou incapaz de dispensar tudo isto...! Percebo-te, sem nunca ter passado 'pla tua situação.
    Isto são feitios, a minha irmã que estuda por Lisboa, odeia ter de cá vir aos fins de semana, e as férias são um martirio... são gostos.

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